Em pé no ônibus indo embora pra casa. Absorvido pelos meus pensamentos, minha atenção instantaneamente se volta para uma moça que em uma parada qualquer inicia sua viajem neste mesmo ônibus. Com o rosto inchado, os olhos vermelhos e marejados. Sinais claros de alguém que estava chorando. Ela passa a roleta e eu a sigo de longe com o meu olhar. Parada, inerte em seus pensamentos, não demora muito para que as lágrimas voltem a cair. Sem vergonha ou qualquer pudor ela chora um choro silencioso e incontido. O choro de uma dor que é somente dela e de mais ninguém. Mexendo em seu celular posso notar que a fonte de sua dor provem dali. Poderia ser o namorado, um familiar, ou até mesmo um amigo, o certo ninguém sabe, apenas ela. Poderia ser qualquer um o causador desta dor, o causador do seu choro. E assim segue ela, e assim vamos nós, meros passageiros em uma mesma viagem. Porém cada um com a sua "dor", cada qual com sua história, cada um na sua "parada", cada qual com seu destino. Uma hora somos passageiros de alegria e viajamos acompanhados e sorrindo. Mas em outras sem ninguém notar, voltamos tristes e sozinhos, iguais a esta moça que talvez eu nunca mais volte a encontrar, que de coração partido subiu no ônibus a chorar.
Fábio Baptista
* Cronica baseada em fatos reais.
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